Share this...
Share on facebook
Facebook
Share on pinterest
Pinterest
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
Linkedin
Share on whatsapp
Whatsapp
Tom Leão Na Cova do Leão

Um dos mais respeitados jornalistas do Brasil, Tom Leão está na Radiocultfm.com. Sua coluna semanal, NA COVA DO LEÃO, é um olhar felino sobre trilhas sonoras e sons que habitam a alma criativa de Tom. Venha sempre!

NA COVA DO LEÃO

radiocultfm.com

‘PISTOL’:

BIOGRAFIA NADA PUNK, COM TONS
CARICATOS DE MUSICAL AMERICANO

Finalmente, chegou ao Brasil, no Star+, a minissérie biográfica ‘Pistol’, baseada em livro do fundador e guitarrista original dos Sex Pistols, Steve Jones. Com apenas seis capítulos (com cerca
de 50 minutos, cada) e com direção do premiado cineasta Danny Boyle (‘Trainspotting’ e ‘Quem quer ser um milionário?’), a série tinha tudo para dar certo, com os nomes envolvidos. Mas,
no geral, os episódios não cativam e são até meio chatos. Em certas partes, até irritam. São frios, sem emoção, com pouca vibração. Enfim, sem nada do que fez o punk rock ser a onda selvagem que varreu a música no fim dos 70s. Parece uma
caricatura, apesar das fontes originais.

A coisa toda, é conduzida by the book: cenas certinhas, falas ditas como se fossem declamadas a partir de livros de história (até parece que, os punks, no meio daquilo tudo, teriam visão do
que estava acontecendo, para dize-las assim), o que torna os personagens um tanto sem alma (pode-se atribuir isso ao fato de virem do livro de Jones, um analfabeto funcional, que só aprendeu a ler aos 40 anos). Até a fotografia é muito limpa, filtrada, não pega nada do que era o clima da Londres que originou o punk (suja, escura). Tem mais cara de musical americano. e os tipos,  parecem estar fantasiados de punks.

O que empolga mais na série, de modo geral, é a balconista da loja Sex, uma certa Chrissie Hynde (Sydney Chandler), que viria a ser a líder da banda The Pretenders, já nos 80s, e ainda na ativa; e a entrada em cena do indomável Johnny Rotten (Anson Boon), a alma dos Sex Pistols, e que nunca foi um poser, como vários lá. Hynde, teve um caso com Jones, pouco divulgado na época. Por isso, o quase romance entre eles (ela namorava o badalado jornalista musical Nick Kent, do ‘NME”), essa parte enche bastante tempo da série, para dar um clima romântico.

Para fãs da banda e do período, resta ver como foi o começo da cena, e alguns tipos importantes dela. Como Jordan (feita por Maisie Williams), que, com seu visual, influenciou o punk, e faleceu recentemente; Siouxsie Sioux (que, logo ali, adiante, formaria o Siouxsie & the Banshees), o importante jornalista Nick Kent (que ajudou a divulgar o ‘movimento’), Soo Catwoman e a anã Helena de Tróia (todas, muito mal exploradas e caricatas, ficam apenas rindo e fumando nas cenas). E, sobretudo, o casal Malcolm McLaren (o ‘empresário’ e visionário da coisa toda, que apostou na banda e no caos) e sua esposa, a estilista Vivienne Westwood, que, através de sua loja, Sex, e das roupas lá expostas, criou o visual punk como conhecemos (já nasceu ‘de butique’), a partir de influencias dessa galera que frequentava a loja (especializada em visuais s&m) e de sua
própria visão provocante de mundo, à frente de seu tempo.

Um ponto positivo na série (são poucos, além dos atores que fazem Lydon e Hynde), é recriar certos momentos importantes da ascensão dos Pistols. Para quem não conhece e nunca viu, valem à pena. Como na vez em que foram na Thames TV e disseram palavrões em horário nobre (um escândalo nacional). E da vez em que, aproveitando o Jubileu de Prata da rainha,
McLaren alugou um barco e botou a banda para tocar ‘God save the queen’ (cujo compacto tinha acabado de ser lançado e as rádios boicotavam), no Tâmisa, do lado do parlamento, e que acabou com todos os envolvidos sendo presos. E, uns poucos momentos da parte da conturbada primeira e única turnê nos EUA, que foi quando a banda acabou, em meio a mil problemas internos, como o vício do baixista Sid Vicious em heroína.

Fora isso, ‘Pistol’, é um bocado decepcionante, com partes musicais que entram do nada, o fazendo ficar parecido com um musical americano. Dá a impressão de, por fazerem parte do grupo Disney, puxou-se um freio para que a série seja mais polida do que deveria ser. E rola um lacre de leve. Mas, como é uma ‘banda de butique’ mesmo, tanto faz. 

TOM LEÃO

´pISTOL´

Pistol é uma minissérie de drama biográfico criada por Craig Pearce para o FX. A série foi anunciada em janeiro de 2021 e foi dirigida por Danny Boyle. Ela estreou no FX on Hulu em 31 de maio de 2022.

Suplemento especial Radiocultfm – por Luck Veloso
Share this...
Share on facebook
Facebook
Share on pinterest
Pinterest
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
Linkedin
Share on whatsapp
Whatsapp