OS COMPOSITORES QUE VIERAM DO FRIO
Nos últimos anos, os países nórdicos nos deram fabulosos criadores de trilhas sonoras: os islandeses Jóhann Jóhannsson e Hildur Gudnadóttir, e o sueco Ludwig Göransson. Hildur, ganhou o Oscar de ‘melhor trilha original’ (score) pelo seu belo (e dark) trabalho para “Joker” (“Curinga”). Göransson, ganhou Oscar por ‘Pantera Negra’, e Emmy, por ‘The Mandalorian’. E passou ano e meio mergulhado na trilha para “Tenet’, que pode lhe dar mais uma estatueta. Já Jóhannsson, infelizmente, nos deixou, subitamente, em fevereiro de 2018, aos 48 anos, por conta de overdose.
Começando pelo defunto. Jóhansson, me chamou a atenção pela sombria e climática trilha para “Sicário” (2015). O tenso filme do diretor canadense Dennis Villeneuve, ficava ainda mais pesado com as texturas da trilha do islandês. Sem a música, o impacto seria menor. Não à toa, foi indicado ao Oscar por este trabalho. Não tivesse partido precocemente, Jóhann (que misturava orquestração tradicional com elementos eletrônicos) certamente haveria de faturar muitos prêmios. Vide o maravilhoso trabalho que fez para outro filme do Villeneuve, o sci-fi “A Chegada” (“Arrival”, 2016).
Já Gudnadóttir, uma celista clássica de mancheia, antes de se aventurar pelas trilhas para cinema, dividiu palcos e estúdios de gravação com bandas alternativas. Como a eletrônica finlandesa Pan Sonic e a industrial inglesa Throbbing Gristle, além de ter feito turnê com a experimental americana Animal Collective. É conhecida da galera indie.
Depois de percorrer, solo, o circuito da música clássica da Europa, Hildur foi levada para o cinema pelas mãos de Jóhansson, que, além da colaboração em várias de suas trilhas, abriu caminho para que ela fizesse a da sequência “Sicário: Dia do Soldado” (2018). Os grandes prêmios, começaram a vir com a trilha para a minissérie de TV “Chernobyl” (BBC/HBO), que lhe deu Primetime Emmy e Grammy. E, finalmente, o grande trunfo, com o seu trabalho em “Curinga” (Globo de Ouro e Bafta). Hildur está tão quente, que ganhou uma sala só para ela, no futuro Academy Museum of Motion Pictures, o gigantesco museu de cinema, que abre em setembro, em Los Angeles’.
Göransson, por sua vez, segue acumulando prêmios e indicações, já tendo se aventurado pela música pop, ao produzir os quatro discos do Childish Gambino (projeto musical do ator Donald Glover). Além disso, também produziu o primeiro disco do badalado grupo americano, formado por irmãs, Haim. É um camarada do qual ainda vamos ouvir falar muito, nos próximos anos. No cinema ou paradas pop.
Tom Leão
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