UMA JOGADA DO DESTINO: O CROSSOVER DO JUÍZO FINAL EM TRILHA À FRENTE DO SEU TEMPO
Na semana passada, comentamos aqui sobre a trilha para o sombrio e gótico ‘O corvo’ (‘The Crow’), aquele filme baseado em famosa hq dark e violenta, de James O´Barr. Ela se destacava pela boa mistura de bandas — não apenas góticas –, com material próprio, e também covers. Outra boa trilha dos 90s, que saiu quase na mesma época de “The Crow”, foi a feita para o filme de ação “Judgement Night” (aqui, “Uma jogada do destino”, 1993).
Esta, chamou atenção, de cara, pela (então) inédita mistura de mundos: a escalação, promove um crossover entre figuras notáveis do rap e hip-hop, com algumas das bandas de rock mais quentes daquele momento. Não era uma coisa fácil de se conseguir, então. Afinal, se hoje em dia a galerinha não se liga tanto em estilos musicais — e escuta tudo de forma misturada e randômica –, reunir nomes do indie rock com outros do hip-hop, não foi uma tarefa fácil para os envolvidos. Além de musical, era uma explosiva mistura racial, também. Um bocado avançada para a época.
A trilha de ‘Judgement night’, conseguiu juntar (em faixas produzidas pelos próprios artistas envolvidos), nomes como Living Colour & Run-DMC, Helmet & House of Pain, Biohazard & Onyx, Teenage fanclub & De La Soul, Slayer & Ice-T, Sonic Youth & Cypress Hill, Mudhoney & Sir Mix-A-Lot, Pearl Jam & Cypress Hill, Therapy? & Fatal, Dinosaur Jr & Del The Funky Homosapien. E, os ‘pais’ deste conceito (até então, chamado de funk-o-metal), Faith No More, estão lá, com o Boo-Ya T.R.I.B.E. Imagine pegar o CD, na época, e ler estes nomes todos na track list? Parecia algo impossível.
Alguns fãs mais radicais, de cara, podem ter torcido o nariz para essa mistura inusitada. Grande parte da crítica (que, hoje em dia, chama o disco de ‘clássico’), também não curtiu tanto, de primeira. Das grandes revistas, apenas a ‘Rolling Stone’ pareceu ter compreendido, ao dizer que, a trilha era como ‘um casamento entre o caipira e o rock racial, que foi o que começou a coisa toda (o rock). É como um renascimento’. Mas, esta trilha, estava à frente de seu tempo, ao derrubar pontes e muros, e criar esse crossover influente.
O Planet Hemp, que o diga.
Tom Leão
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