11 ANOS SEM JOHN HUGHES, O REI DOS FILMES TEENS COM TRILHAS NEW WAVE

Muitas vezes, um filme é tão bom quanto a sua trilha sonora. E, as produções juvenis de John Hughes (1950-2009), cujas trilhas de canções pop eram cheias de nomes da geração new wave, são um atrativo à parte. Sobretudo, de artistas da cena britânica. Hughes, foi tão ou mais importante para lançar certos nomes nos Estados Unidos, do que a própria MTV.
Do cultuado ‘Clube dos cinco’ (‘The breakfast club’, 1985) ao clássico ‘A garota de rosa-shocking’ (‘Pretty in pink’, 1986), suas trilhas não só ajudaram a lançar (ou consolidar) nos Estados Unidos (e no mundo) vários nomes britânicos, ainda em começo de carreira, como Simple Minds, Psychedelic Furs, The Smiths, Echo & the Bunnymen etc, como servem como cápsula do tempo. Por estarem diretamente ligadas ao que os jovens, retratados naqueles filmes (e a plateia), realmente ouviam. Mas, que as rádios ainda não tinham captado.
Foi a partir de ‘Gatinhas e gatões’ (‘Sixteen candles’, 1984), que ele adentrou no universo teen, e começou a se fazer notar, desde os subúrbios classe média de Chicago. Este, se passava no dia em que a protagonista Samantha (Molly Ringwald, que se tornaria musa de seus filmes), fazia 16 anos. O título original, vindo de uma canção com os Stray Cats (cover da banda The Crests, lançada em 1958), já dava a dica de como ele batizaria alguns de seus filmes a partir dali.
No filme seguinte, o cultuado ‘Clube dos cinco’, a música de encerramento, ‘(Don´t you) forget about me’, não apenas catapultou o Simple Minds nos EUA, como se tornou um dos maiores hits mundiais (e da banda), em 1985.
Mas, a trilha mais coalhada de brit hits, estava por vir: ‘A garota de rosa-shocking’. Esta, não apenas consolidou o obscuro Psychedelic Furs nos EUA, como deu o título original para o filme, ‘Pretty in pink’, faixa do segundo álbum deles, ‘Talk, talk, talk’ (1981), que, na versão americana, foi remanejada no track list, para abrir o disco. A trilha de ‘Pretty in pink’ também trazia outros nomes britânicos então desconhecidos nas paradas americanas, que logo se tornariam populares: New Order (três músicas!), Echo & The Bunnymen (‘Bring on the dancing horses’), OMD (‘If you leave’ virou hit mundial), Thompson Twins e The Smiths.
Quase que simultaneamente a ‘Pretty in pink’ Hughes lançou ‘Mulher nota 1000’ (‘Weird science’, 1986). Desta vez, os americanos Oingo Boingo (banda original do ‘trilheiro’ Danny Elfman, favorito de Tim Burton) é que ficaram com a música-título. Contudo, seu filme mais marcante, foi ‘Curtindo a vida adoidado’ (‘Ferris Bueller´s day off’), que fez de ‘Oh, yeah!’, da dupla suíça Yello (que rola nos créditos finais), um som recorrente em vários outros filmes. E, até mesmo, em anúncios americanos.
Seu último filme teen/new wave foi ‘Alguém muito especial’ (‘Some kind of wonderful’, 1987, que parece um remake de ‘Pretty in pink’, trocando o sexo da protagonista), que trouxe uma última leva de novos artistas britânicos. Estão nela: The Jesus & Mary Chain, Billy Idol, Propaganda, Flesh for Lulu e March Violets.
R.I.P. John Hughes
Tom Leão
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