The Batman – Sob nova direção

Por Ipitácio Oliveira – O diretor Matt Reeves encontrou um grande desafio na criação para o recente Batman, devido ao número de adaptações e releituras que o personagem já sofreu desde que foi criado em 1939 por Bob Kane (1915 -1998), mas pelo visto, o combatente ao crime mais famoso das HQs, ainda continua gerando fascínio e novas histórias.
Tendo um elenco de primeira e uma surpresa na escolha do protagonista (Batman é interpretado por Robert Pattinson, famoso ator da saga de vampiro “Crepúsculo” 2008-2012), The Batman (no original), é o longa que marca a nova fase dos filmes de heróis baseados na editora DC Comics, que nas produções anteriores, tiveram alguns filmes incompletos em sua adaptação para o cinema.
Reeves acerta em apresentar uma Gothan corrupta, escura, caótica e com uma falta de esperança na resolução desses problemas. Há o esforço gerado pela polícia e uma mudança tímida na sociedade, mas com o surgimento da figura do Batman, o espírito de renovação dos cidadãos de Gothan começa a ter as suas primeiras centelhas.
A longa duração é um recurso que causou em parte um certo comentário entre a plateia, que alegavam ser desnecessária, mas dentro do universo ficcional do qual está inserido todos os personagens, foi uma ferramenta crucial para que toda a trama tivesse uma coerência , além de possibilitar a imersão ao ambiente a que todos foram expostos em tela.
A trama gira em torno da investigação de assassinatos que ocorrem na cidade que acabam a revelar uma rede de corrupção que possui ligações entre políticos, passando pela máfia local e a própria polícia de Gothan. O personagem Jim Gordon (Jeffrey Wright) é o prumo que mantém a linha de apuração contínua, apesar do desaprovamento de sua amizade com Batman.
A loucura é mais que presente no perfil dos vilões, aqui reproduzida através das agressividades dos crimes cometidos. O ato em si, afirma o desarranjo e a incoerência da disfunção da qual vivem. Com uma Gothan a beira de um colapso, a cidade se torna um celeiro perfeito para o surgimento de uma vasta galeria de marginais.
Com abordagem mais intimista e seu clima de filme noir, com direito a uma narração em “off”, The Batman é o filme que marca uma nova fase da DC Comic no cinema, demonstrando o caminho, e principalmente a linguagem que irão adotar nos próximos longas. Com a sua estética em cores fortes, contraluzes e seu clima mais que noturno, Matt Reeves, fez uma renovação original para o homem-morcego, além de demonstrar que o personagem, se apresenta um tanto diverso e de fácil adaptação.
Vale o destaque para atriz Zoë Kravitz (filha do canto Lenny Kravitz) que apresenta uma Selina Kyle/Mulher-Gato cheia de personalidade e com uma solidez moral que influencia a mudança no comportamento do protagonista durante o longa. O par romântico, aqui criado a primeira vista, acaba gerando reverberações internas.
O aúdio um recurso importante para esse estilo de filme, tem papel relevante na projeção, pois ajuda a criar a ambiência necessária para o mundo do qual a história acontece; e o som é grandioso e cheio de detalhes além de ocupar toda a sala de cinema.