Jovens do Shiraz Lane divertem público em grande apresentação no Rio

Por Renan Esteves (texto e fotos) – Shiraz Lane é um grupo de garotos da Finlândia que está dando o que falar e sempre busca diversão e muito Rock and Roll, parafraseando aquelas velhas frases dos filmes da Sessão da Tarde, quem não lembra? Isso não é uma resenha sobre algum filme, mas sim sobre rapazes fazendo turnês ao redor do mundo e influenciados por bandas da década de 80. Se você ainda não entendeu, a banda finlandesa foi fundada em 2011, na cidade de Vantaa, e tem dois discos na bagagem. Se você curte Hard Rock dos anos 80 como Guns N’ Roses, Poison, Hanoi Rocks (esta também finlandesa) e Skid Row, que mais faz lembrar sua sonoridade, com certeza vai se interessar pelo som que fazem.

“Estamos muito felizes de tocarmos no Brasil pela primeira vez”, diz o vocalista Hannes Kett após algumas músicas tocadas. O líder do Shiraz Lane com seu visual Glam Rock anos 60 é o único que fala, pouco, mas fala, antes de voltar para a canção seguinte. A apresentação começa com “Revolution”, lançada em outubro passado, com aquele viés de melodia pop que gruda no cérebro na primeira ouvida. Mesmo com um público de mais ou menos 50 pessoas, a maioria acima dos 30 anos, a galera presente não deixa de apoiar a banda, inclusive conhecendo algumas músicas. Vale lembrar que o grupo já tem experiência em grandes festivais de metal, como o finlandês Tuska Open Air e o Wacken, onde venceram uma seletiva local na Finlândia, obtendo o direito de participar do festival alemão, em 2015

Novamente, Hannes tem o dom de guiar o show, ainda mais assessorado pelos outros quatro integrantes, que mesmo com pouca idade, parecem não sentir o peso de estar tocando Hard Rock com vontade, como vemos na faixa “Carnival Days”, que leva o nome do seu mais recente álbum lançado, o segundo da banda, de 2018. Uma canção mais Jazz/Blues com aquele potencial de Rock de Arena, fazendo o público se entusiasmar nesse início de show. A dupla de guitarristas Jani Laine e Miki Kalske, esse último lembrando um pouco Duff McKagan pela fisionomia, mas com uma presença de palco de fazer inveja a muitos guitarristas do estilo. Lembrando suas influências dos ídolos do passado, não foi preciso chegar a metade do show pra banda começar a abusar de alguns covers, como em “18 and Life”, de Skid Row , ou “ Pour Some Sugar on Me”, de Def Leppard, pra deixar o público mais à vontade – algo que poderiam ter evitado, mas que não chega a fazer diferença, principalmente quando emenda uma cover com uma autoral.

Outro destaque é a balada “Same Ol’ Blues”, do seu debut “For Crying Out Loud”, de 2016, que tem aquele ritmo Bon Jovi lá dos anos 90, onde mais uma vez as guitarras de Jani e Miki, mais o baixo de Joel Alex, se fazem presentes num bom entrosamento do trio. O baterista Ana Willman (você não leu errado, é um homem!), mesmo deslocado no fundo do palco, é outro que cumpre bem seu papel no show, como nas canções “Shot of Life” e “Tidal Wave”. Curiosamente, 2019 vem sendo o ano de bandas jovens tocarem no Brasil pela primeira vez, como o caso do The Struts e Greta Van Fleet, chegando a render comparações com diversos vocalistas, numa época em que o Rock anda em baixa pelo mundo. Quando se escuta cada canção do Shiraz Lane, percebe-se um timbre de voz parecido com Sebastian Bach, ex-vocalista do Skid Row, mas num tom bem mais melódico com doses de pop.
Chegando na reta final do show, a banda ainda tem fôlego para mais quatro sons. Um deles é “Reincarnation”, que começa calma e explode no vocal melódico de Hannes, como se fossem duas canções numa só. “Mental Slavery” é outro hino presente em muitos shows da banda, que começa naquele ritmo Guns N’ Roses, que faz o povo dançar e bater cabeça no Rock Experience. “Harder to Breathe” e “People Like Us” encerram a apresentação de pouco mais de uma hora, com lamentos do público ao saber que o show acabaria por ali, e que o quinteto não deixa por menos, mostrando como se faz um bom show de Hard Rock, mesmo não tendo tanto hype, mas sabendo que o que importa é se divertir e espalhar essa vibração pra todo mundo, pois se não fosse assim, o som do Shiraz Lane não teria valido a pena.

Por conta do atraso da passagem de som do Shiraz Lane, as apresentações do Crazy Heads e Lion Heart acabaram sofrendo atrasos. O Crazy Heads foi a primeira banda da noite, mostrando um repertório com músicas próprias, como “Julgamento Final e “Quarta-Feira de Cinzas”, e alguns covers como “Tu Vens”, de Alceu Valença, e “Fuel”, do Metallica. No final, foi uma apresentação razoável, mas que com mais tempo de estrada e shows, podem melhorar com o tempo.

O Lion Heart, banda do carismático vocalista Thiê Rock, foi a segunda atração da noite. Com mais tempo de estrada, os cariocas fizeram um show razoável, sem firulas, e que conseguiu cativar o pequeno público presente na casa. Rolaram canções como “Muito Prazer”, “A Noite me Chamou”, “Rock and Roll Brasileiro” e, claro, “A Dona do Bordel”. O guitarrista Brandon, único membro remanescente ao lado de Thiê, ficou de fora de quase todo o show, devido ao seu pé quebrado, mas participou da reta final do show tocando violão.
