Polêmicas e Mudanças nas Capas de Álbuns de Rock

Por Cleber Jr. – Em 1987 Joe Satriani lançava seu segundo álbum que trazia futuros clássicos como a faixa título Surfing with the Alien, Always with Me, Always with You e Scatch Boogie que consolidaram a carreira vitoriosa do guitarrista. Na capa se destacava o herói aventureiro e filósofo cósmico, o Surfista Prateado. Ao relançar o álbum em versão luxuosa, em vinil com tiragem limitada o guitarrista incluiu um álbum com gravações raras remixadas, apenas em alguns instrumentos, que resgatavam como foi o processo de composição do álbum. Esse brinde musical compensou a falta do herói na capa. O Surfista Prateado cedeu a vez ao braço de uma guitarra cromada, com a mesma vibe do fundo da capa original. O motivo da mudança foi a redução de custos, “cada vez maiores para licenciar a arte com o herói da Marvel”, justificou o guitarrista.

Isso nos faz lembrar de algumas capas de álbuns que mudaram de visual por motivos diversos, mas que preservaram o conteúdo original que embalavam.
O Scorpions teve, nos anos 1970, três capas alteradas. O álbum In trance de 1976 teve a foto editada para escurecer a área onde aparecia o seio da modelo.

Um ano depois a banda causa grande polêmica ao lançar o álbum Virgin Killers. A capa exibia uma menina nua, com um efeito aparentando um vidro rachado para cobrir a genitália. O álbum foi comercializado lacrado com plástico preto, em alguns países e com duas capas alternativas, uma com a foto da banda e outra com a uma nádega feminina tatuada com um escorpião.
Essa polêmica não terminou ali, em 2008 a banda teve problemas com o Wikipédia, que a censurou após ter sido classificada, pela organização britânica Internet Watch Foudation, como “potencialmente ilegal”, mas, superou a bronca e hoje pode ser acessada e encontrada lá.

Em 1979, novamente um seio de fora foi motivo para a banda lançar o álbum Lovedrive com capas alternativas.

E não acaba aí! Nos anos 1980, quando lançou Love at First Sing , em 1984, um clássico do hard’n’heavy rocker, com diversos hits da banda e a capa com um casal na pegação, enquanto o homem tatua a mulher. A foto passou pelo olhar crítico da gravadora, mas, incomodou a rede Wal-Mart que achou a capa ofensiva e pressionou pela mudança.

Guns ‘n’ Roses não podia ficar de fora dessa lista, em Appetite for Destruction a banda debutava e já no primeiro álbum foi polêmica. A capa mostra um robô estuprador, sua vítima, enquanto outro babava na espera de destruir tudo. Reclamações da MTV, já bastante importante na época e das redes de lojas de discos fizeram a arte mudar para a imagem de uma tatoo que Axl Rose tinha no corpo.

Lá nos anos 1980 a Inglaterra vivia um momento político desfavorável com a eleição à primeira ministra Margaret Tatcher. Ela tinha pouca aceitação, governava com mão pesada, carregava nas costas a morte de 255 soldados, 3 civis britânicos na Guerra das Malvinas e uma péssima relação com cabeludos que iniciavam um movimento de bandas conhecido como New Wave of Britsh Heavy Metal. Esse movimento trazia um som cru e pesado lembrando o punk e se opunha a New Wave que fazia sucesso nas paradas. Um dos participantes era o Iron Maiden que lançou, em maio de 1980 o single Sanctuary. Ele trazia na capa o Eddie com um punhal pronto para liquidar a primeira ministra, amarrada, indefesa e que havia arrancado da parede um poster da banda.

Deu o que falar! O governo britânico obrigou a banda a colocar uma tarja preta no rosto de Tatcher e mostrando juízo a banda fez isso. Steve Harris, Paul Dianno e o empresário da banda, aproveitando a polêmica, não perderam tempo, lançando em seguida outro single, dessa vez Woman in the Uniform, um cover da banda australiana Shyhooks, dando direito a forra, com Tatcher de tocaia aguardando Eddie, para o acerto de contas.

Por fim, a imagem da mulher bonita, seios fartos, corpo molhado e camiseta rasgada foi proibida antes mesmo do seu lançamento e obrigou o Bon Jovi a mudar a fotografia de Mark Weiss na capa do seu terceiro álbum, Slippery When Wet para respingos num vidro com o nome do álbum.

Que capa você acredita que, se fosse lançado hoje, o álbum teria problemas? Lembra de outro que mudou o visual para agradar ao comercio, vender mais ou gastar menos?
Comenta aí!
Muito maneiro Cléber, a questão do Bon Jovi é que achei a mais suave. A meu ver, nem precisariam ter mudado! Grande época das capas, excelente texto!
Realmente a capa do Bon Jovi é a mais suave, porém, precisamos considerar o conservadorismo americano daquela época. Abraço e obrigado por seu comentário
Vou somar mais uma capa à polêmica: Amorica, dos Black Crowes. Os EUA censuraram a capa (cujo close num biquíni feito da bandeira norte-americana deixava ver pentelhos “sobrando”).
Opa! Bem lembrado, essa capa lembrava uma edição comemorativa da revista Hustler de 1976 e na época foi substituída por uma que tinha só a bandeira americana dobrada, como o biquíni. Hoje a gente pode ver a original nos streamings da vida.
Essas mudanças confundem o mercado mas existem coisas absurdas como a foto da criança nua. No mínimo seria taxado hoje de pedofilia. Acho que a banda tem som suficiente para não precisar desse tipo de problema. Abs