Paul McCartney usa baixo e amp do tempo dos Beatles
Ex Beatle segue fiel aos equipamentos do começo da carreira
Por Jamari França – Sempre fiquei intrigado de ver Paul McCartney usar nos shows o baixo Hofner do começo da carreira dos Beatles e os amplificadores Vox, mas nunca me dei ao trabalho de investigar. Agora que estou pesquisando instrumentos e equipamentos da banda consegui as respostas.
Paul diz que o Hofner é o baixo que todos querem vê-lo tocar, tão simbólico quanto a bengala de Carlitos. Apesar de continuar produzindo material inédito, ele se rendeu ao fato de que nunca será maior do que os Beatles. Sempre que lança um novo álbum, como o recente Egypt Station, sabe que boa parte das entrevistas de divulgação serão sobre os Beatles. E sua constante presença na midia é garantia de manter vivo o interesse nos Beatles, junto com um eficiente planejamento de marketing que abastece o mercado periodicamente do mesmo material dos anos 60 reciclado de maneira engenhosa.

Paul entrou para os Beatles como guitarrista, usando modelos baratos da fábrica inglesa Framus, enquanto Chas Newby e depois Stuart Sutcliffe ficavam no baixo. Quando Stuart saiu da banda, a bomba caiu no colo de Paul, já havia dois na guitarra, John Lennon, o líder, e George Harrison, daí precisou comprar um baixo. Foi na loja Steinway Musichaus, Hamburgo, onde os Beatles faziam temporadas, e comprou, pelo equivalente a 30 libras, um baixo com dois captadores da fábrica alemã Hofner, modelo 500/1, o que estava exposto era para músico destro, ele contou que não havia instrumentos para canhotos na época, daí encomendou um com as cordas e controles invertidos. Um atrativo foi o formato simétrico, parecido com um violino e bem leve se comparado a outros.

Foi com ele que se familiarizou e aprendeu a curtir o baixo e com ele gravou vários álbuns dos Beatles. Em 1963 a Hofner lhe deu um baixo do mesmo modelo com alguns aperfeiçoamentos e é este instrumento que ele usa hoje em dia nas turnês. O primeiro 500/1 foi roubado dos estúdios Twickenham nas filmagens de álbum Get Back/Let it Be em janeiro de 1969 e nunca mais reapareceu.
Paul passou a usar o modelo mais novo, com o de 1961 como baixo reserva, já com dois novos captadores e revestimento. As fábricas de instrumentos competiam para que os Beatles usassem seus modelos, todos adotados por eles viravam sucesso de vendas.

Em fevereiro de 1964, na primeira turnê na América, a Rickenbacker mostrou vários modelos, John e George encomendaram duas guitarras, uma de seis, outra de 12 cordas. A Paul mostraram um baixo 4001 c 64, mas era para destros. Um ano e meio depois, durante a segunda turnê americana, Paul recebeu um baixo vermelho para canhotos, o modelo que vira, 4001 c64, com uma identificação de 1964, o ano anterior, o primeiro baixo para canhotos da empresa. Daí em diante, usou o Rickenbacker nas gravações de Rubber Soul e Revolver, e o Hofner 500/1 1963 ao vivo. No álbum branco e em Let It Be usou o Hofner e um 1966 Fender Jazz Bass . Em Abbey Road usou o Hofner e Rickenbacker 4001 (Outra fonte diz que só voltou a usar o Hofner nas sessões de Let It Be).

Depois do fim dos Beatles, quando formou a banda Wings, Paul foi para a estrada com baixos Rickenbacker, havia nele um ressentimento pelo fim dos Beatles que o tempo se encarregou de dissolver. Na turnê de 2002, depois de uma década sem excursionar, voltou a usar o Hofner.

Paul é fiel até hoje aos amplificadores da Vox, que era uma pequena fábrica até o empresário Brian Epstein fechar um contrato para a banda usar exclusivamente amps Vox, o maior negócio fechado pela fábrica, que representou um estouro de vendas depois dos Beatles passarem a usá-los. Em primeiro lugar o modelo AC 30, preferido de muitos músicos até hoje, com 30 watts e dois falantes de 12 polegadas.

Quando começaram a tocar para plateias histéricas, pediram amps mais potentes na esperança de serem ouvidos. Inicialmente a Vox deu a Paul o T 60, cabeçote de 60 watts com uma caixa de dois falantes, um de 15 e outro de 12 polegadas. Não funcionou, muito instável, daí veio o AC 100 Super de Luxe com 100 watts e uma caixa com quatro falantes Celestion de 12 polegadas, batizado de Beatles Amp. Para John e George amps de 50 watts com uma caixa de dois falantes de 12 e uma corneta para médios. A intenção foi boa, mas de nada adiantou, a garganta das fãs tinha um milhão de watts e não existia sistema de amplificação para abafá-las.

Hoje em dia Paul usa dois cabeçotes Vox AC 100, mas as caixas são duas Mesa Boogie Standard Power House com seis falantes de 10 polegadas cada, mais um cabeçote Mesa Boogie Strategy 88 Bass para reforçar os graves. Paul também toca guitarra nos shows, com predominância de uma Gibson Les Paul Standard, uma Les Paul Custom Painted, sua véia de guerra Epiphone Casino, os violões Epiphone Texan FT-79, com que gravou Yesterday e Gibson J-185 de 12 cordas. Ele tem uma infinidade de guitarras e violões, mas estes são os mais usados. Para as guitarras usa dois cabeçotes Vox AC 100 em duas caixas Vox com quatro falantes de 12 polegadas.
Obs. Matéria feita com pesquisa na internet e no site beatlemania.net de Ricardo Puglialli, com farto e detalhado material sobre a banda.