Na raça, Asteroid faz bom show diante de problemas de som no Rio
Por Renan Esteves (texto e fotos) – As notícias nem sempre são agradáveis quando você acaba tendo que fazer uma resenha pra descrever o desempenho de uma banda. A apresentação na noite desse último sábado (08/12) teve seus deslizes, mas não foi completamente ruim – teve suas virtudes. A Abraxas andava sumida dos shows internacionais há alguns meses, mas resolveu encerrar o ano com chave de ouro com a sua Festa da Firma, que tinha os suecos do Asteroid como banda principal da noite no Espaço Kubrick, ex- Teatro Odisseia. Na verdade, o show aconteceria no La Esquina, que atualmente pertence ao mesmo dono. De última hora, o Vivendo Do Ócio cancelou seu show que faria no Kubrick, passando, aos 45 do segundo tempo, a chance da Abraxas fazer seu evento num espaço maior. Infelizmente, todas as bandas passaram por problemas técnicos, principalmente no microfone, onde o som estava muito baixo.

Os suecos começaram o show a pleno vapor com “Fire”, do seu segundo disco batizado de “II”, lançado em 2010. Liderados por um Robin Hirse inspirado, os riffs pesados ecoavam com precisão pelo Kubrick, com muito groove nessa canção. A banda possui três discos lançados: “Asteroid”, “Asteroid II” e “Asteroid III”, lançados pela gravadora Fuzzorama Records, em 2007, 2010 e 2016, respectivamente. Em “Disappear”, temos o pedal de distorção que se destaca, tudo sobre a cozinha bem encaixada entre o baixista Johannes Nilsson e o baterista Jimmi Kohischeen.
A banda faz uma pausa, discursa pro público e fala da sua experiência em tocar pela primeira vez na América do Sul, antes de iniciar “Speaking to the Sea”, da qual o Johannes se lembra com carinho de quanto tempo não toca essa música ao vivo, numa bela performance que arranca aplausos da plateia. Lembrando que a banda é da cidade de Örebro, bastante conhecida por ser a cidade do Millencolin, uma das principais bandas de Punk Rock da Suécia e da história do gênero, de onde também vem o Truckfighters – outra banda conhecida pelo público brasileiro e que tocou por aqui em 2016.

Os problemas no microfone citados no início desse texto vão e voltam, mas nada que tire a boa performance do trio, cada um nos seus instrumentos. “Garden”, uma das mais pedidas pelo público, vem como um alívio, onde todos batem suas cabeças e se deixam levar pelo embalo da bateria de Jimmi Kohischeen, fazendo lembrar outras bandas como Kadavar e Graveyard, que tocaram no Rio em ocasiões anteriores. Na raça e no famoso quem sabe faz ao vivo, a banda se esforça pra levar o melhor de si para o público, mesmo fazendo críticas ao microfone, como o vocalista Robin Hirse conversando com o operador da mesa de som e apontando o dedo para o microfone, dizendo: “it’s broken, turn it off!”. O show se encerra com o petardo de “Time”, numa espiral de efeitos sonoros que só o Stoner Rock é capaz de proporcionar, claro que para euforia dos fãs que não param de agitar suas cabeças. Infelizmente nem tudo saiu como planejado, mas pelo menos uma coisa não se pode reclamar: a energia do trio sueco e a força do público para que tudo desse certo nessa noite.
Setlist Asteroid:
Fire
Til’ Dawn
Disappear
Hexagon
Move a Mountain
Edge
The Exit
Speaking to the Sea
Doctor Smoke
Mr. Strange
Pale Moon
Lady
Time
Acabei chegando alguns minutos atrasado e não pude conferir a apresentação do Muladhara. A segunda apresentação da noite da Festa da Firma ficou por conta dos cariocas do Neon Desert. A formação conta com Lucas Pereira (vocal), Ted Hoppus (baixo), Felipe Ramos (guitarra) e Luís Felipe Sales (bateria). Suas principais influências vão de Queens Of The Stone Age, Soundgarden, Alice In Chains e BlackSabbath. O quarteto fez um show regular dentro das condições que o Kubrick oferecia nessa noite, mesmo enfrentando muitos problemas no som, principalmente no microfone – no saldo geral, o NeonDesert foi a banda que mais sofreu nesse fest. O destaque ficou por conta das canções “Evil Blood” e “Influences”, do seu disco de estreia “Neon Desert”, lançado no ano passado e para seu mais recente single: “Night Rush”, lançado esse ano.

Antes do Asteroid, ainda teve tempo para o som do alagoano Pedro Salvador & O Caos Rastejante. O cantor já é um velho conhecido do selo Abraxas, por conta de ser o guitarrista da banda alagoana Necro. Nesse show, Pedro tocou músicas do seu mais recente álbum: “Pedro Salvador & O Caos Rastejante”, lançado neste ano, e do seu primeiro disco “Pedro Salvador”, de 2017. A formação conta com Pedro Salvador (vocal e guitarra), Paulo Emmery (guitarra), Rodrigo Toscano (baixo) e Vicente Barroso (bateria), todos com trabalhos nas bandas Necro, Beach Combers, Psilocibina e Auramental, respectivamente. A banda flerta com o Rock Psicodélico, Jazz Fusion e Hard Rock dos anos 60, adicionado com a música popular da Região Nordeste. Mesmo com os problemas citados, o público curtiu o som da banda, com destaque para a psicodélica “Flores Mortais”, “Bananeiras em Flor” e a viajante faixa “O Caos Rastejante”, do seu último disco.
