Greta Van Fleet agrada cariocas com seu “novo clássico”

Por Cléber Jr – Preciso contextualizar que há mais de dois anos não encaro uma aglomeração como a de um show, um pit para fotos e o prazer de ouvir música tocada bem alto e ao vivo. Isso não é novidade para ninguém. Todos vivemos anos inseguros, aterrorizados, angustiantes e ansiosos recentemente.
Nesse período a música participou ativamente. Foram muitas horas com o som rolando, às vezes conquistando minha atenção, outras como um companheiro de viagem, falante, enquanto eu flutuava por outras esferas.
Foram tantas horas de audição que cheguei a considerar que a música cansou. Nada me trazia de volta aquele entusiasmo da juventude, aquela ansiedade gostosa de ouvir o álbum novo do artista preferido. Havia ficado no passado antigos prazeres auditivos, martelando a dúvida, a criatividade havia acabado ou algo nada de novo surgirá.

No meio de todas essas questões entrou uma banda de garotos, irmãos, americanos, criada em Michigan (EUA), com forte influência do som dos anos 1970, confundida por desavisados como o que poderia ser uma gravação perdida do Led Zeppelin ou apenas uma imitação descarada.
E lá estavam eles, ontem, no palco do Qualistage, no Rio de Janeiro, na minha lente e depois de alguns ajustes de adrenalina e adequação ao ambiente aglomerado, com minha atenção completa.

No pit para as fotos era nítida a empolgação feminina, com gritos de altos decibéis rivalizando com a canção. “Heat Above” abria o show, seguida de “When the Curtain Falls” e “Safari Song”, para fincar de vez a bandeira da banda em solo carioca.

Um solo de bateria, enxuto do único dos músicos que não faz parte da família, Danny Wagner, mas é amigo de infância dos brothers Josh, Jake, que são gêmeos e Sam Kiska.

A essa altura, já no meio do povão, resolvendo meus fantasmas, ficava também tentando achar o Led Zeppelin perdido ali, mas encontrei apenas as referências nos anos em que, a meu ver, a música foi mais criativa.
Antes de ver esse show, defendi que a banda era boa, tinha potencial para se afastar do rótulo zeppeliniano, atribuído principalmente ao timbre vocal de Josh Kiska e ao estilo da guitarra de Jake e saí de lá bem convicto dessa certeza.

The Weight of Dreams, com um belo e estendido solo dessa guitarra de Jake, que assumiu o protagonismo por alguns minutos de êxtase da platéia, colaborou muito para isso e trouxe de volta por alguns especiais momentos aquela alegria juvenil que o rock proporciona.

Saí feliz! Todos ali demonstravam também essa felicidade. Eles eram “os jovens e os coroas que curtem o Zeppelin” como ouvi por aquelas conversas paralelas ao redor.
Set List
- Heat Above
- When the Curtain Falls
- Safari Song
- Drum Solo
- Black Smoke Rising
- Caravel
- Built by Nations
- Age of Machine
- The Weight of Dreams
- My Way, Soon
- Intervalo
- Light My Love
- Highway Tune
- That’s All Right (cover Arthur “Big Boy” Crudup).