Frejat lança primeiro álbum de inéditas em 12 anos

Por André Cult – Roberto Frejat lança hoje (4/6) seu novo álbum, “Ao Redor do Precipício“, o primeiro de inéditas após “Intimidade Entre Estranhos“, de 2008. O trabalho, que já está disponível nas plataformas digitais, conta com participações especiais de Alice Caymmi, Ritchie, Jards Macalé, seu filho Rafael Frejat, entre outros. Para falar do disco, o cantor recebeu jornalistas em uma videoconferência no dia 03/06.
O bate-papo começou com Frejat falando do primeiro single: a faixa “Pergunta Urgente“, composta por Luís Nenung e curiosamente a única do disco que não foi escrita pelo ex-Barão. Para ele, a música é muito forte e representa sua maneira de pensar sobre a falta de tempo e a correria do dia a dia.
Sobre as parcerias, foi destacada a participação de Leoni nas letras, como “Por Mais que eu Saiba“, “Todo Mundo Sofre” e “Amar um Pouco Mais“. Com a exceção da já citada “Pergunta Urgente“, todas as faixas contam com a colaboração de outros compositores, como Zeca Baleiro, Dulce Quental, Luiz Melodia, Jards Macalé, George Israel, entre outros.

Para a gravação foi escalado um time grande de músicos, incluindo três bateristas e até um coro, diferente dos trabalhos anteriores, em que o próprio Frejat fazia os backing vocais. O cantor comentou também sobre a participação de Ritchie, amigo desde os tempos da lendária Vímana (banda de progressivo do inglês com Lulu Santos e Lobão), que colaborou com alguams vozes “tradicionais” e outras “na linha Beatles”. Outra participação marcante é a de Alice Caymmi, mas como vocal principal no bluezão “A Sua Dor é Minha“, em que a personagem é uma dominatrix. Frejat optou pela voz feminina mostrando preocupação com o lugar de fala e ficando com a guitarra base na gravação. E não podemos deixar de citar “E Você Diz“, parceria com os ídolos Jards Macalé e Luiz Melodia, que apesar de abordar o tema atual das fake news, foi gravada antes delas se tornarem o grande problema de hoje.
Outro que ganhou rasgados elogios foi o percussionista Leonardo Reis, substituto do amigo e parceiro de Barão, Peninha, morto em 2016. Para ele, o músico impressionou pela forma como encaixou perfeitamente o instrumento, deixando-o quase imperceptível. “Cartas e Versos” é um bom exemplo com sua pegada latina.
Frejat subiu o tom para falar da forma como algumas rádios trabalham com os artistas hoje em dia. Se antes o comum era pedir versões mais curtas das canções, hoje há quem peça um rearranjo das mesmas. “Pedir pra editar é uma coisa, mas rearranjo é outra. Dá até pra fazer uma versão mais leve, mas rearranjo pedido pela rádio é muito ruim”, disse. Como exemplo, foi citada “Pergunta Urgente“, que no álbum tem mais de cinco minutos e foi “decepada” para pouco mais de três, mas jamais regravaria de forma diferente. “Agora é do meu jeito! Dá pra ser flexível, mas ao mesmo tempo não pode se dobrar a necessidade do veículo. Não ficou bom pra você, não enche o saco!”, completa reforçando que tem noção do seu privilégio por ter uma carreira sólida.

Ao falar da nova geração, o músico citou nomes como O Terno, Boogarins, Letrux, The Baggios, Facção Caipira e as cantoras Céu e Iza. Dando como exemplo a banda Amarelo Manga, de seu filho Rafael, o pai coruja comentou também sobre a dificuldade dos shows de música autoral no Brasil, pois é difícil ganhar dinheiro com apresentações e algumas casas até cobram pra tocar. “O mínimo é dar o couvert artístico. Cobrar pra banda tocar é inaceitável”!
Jurando não ser saudosista, Frejat falou sobre as transformações da música que presenciou, do LP ao streaming nas plataformas digitais. Sua única saudade é das capas dos vinis, quando, segundo ele, não era preciso usar uma lupa pra ler a ficha técnica. “A relação da música na vida das pessoas mudou. A música hoje é um elemento de consumo, por mais que tenha um significado maior”, diz se referindo ao formato atual e comparando aos anos 1970, quando ganhava disco de presente no Natal e ouvia no volume máximo para o som “invadir sua casa”. Em outra comparação, lembrou que “antes de 1998, ninguém ganhou um milhão sem sair de casa”, se referindo a artistas que hoje gravam em homestudio e postam no Youtube. “A relação tá diferente, não é pior nem melhor”.
Como estamos em tempos de pandemia, foi impossível fugir do assunto “lives”. Para o artista, este é mais um caminho e crê que haverá um sistema de entradas para assistir aos concertos online no futuro. “Hoje todo mundo tá dependendo de live patrocinada pra pagar conta. Daqui a pouco volta pro mercado de espetáculo o domínio das lives. Aí vai ser assim até a vacina, até o momento de se abraçar no show ao vivo”. A propósito, no dia 4 de junho, ele fará uma live com o jornalista Zeca Camargo.
Pelo resultado, “Ao Redor do Precipício” tem tudo para ser um marco na carreira solo de Roberto Frejat, que chegou a relutar por um tempo a gravar um álbum completo e só lançar singles. Após comparar com uma “internação de dois meses num asilo de loucos”, o cantor comentou que o processo de gravação de um disco poderia resultar numa audição rápida do fã. “Vou ficar dois meses internado pra você ouvir duas músicas e guardar no armário? Depois percebi que eu tava errado”, completa para a nossa sorte.
Ouça abaixo, via Spotify, o álbum completo “Ao Redor do Precipício”:
Ficha Técnica de “Ao Redor do Precipício”
PRODUZIDO POR FREJAT,KASSIN,HUMBERTO BARROS E MAURICIO NEGÃO
GRAVADO E MIXADO POR RENATO MUÑOZ NO ESTÚDIO DUBROU ENTRE E MAIO DE 2019.
GRAVAÇÕES ADICIONAIS FEITAS POR MAURO ARAÚJO NO ESTÚDIO MARINI
MASTERIZADO POR RICARDO GARCIA
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO-GRÃO PISSURNO
ASSISTENTE EXECUTIVO-DOMINGOS OLÍMPIO
ILUSTRAÇÃO E PROJETO GRÁFICO: JULIA PELLEGATTI FREJAT
DIAGRAMAÇÃO: ANA BEATRIZ J2 DIGITAL