Dream Theater no Rio: jogo ganho
Por André Cult com fotos gentilmente cedidas por Daniel Croce (Roadie Crew)

O Dream Theater subiu ao palco de um Vivo Rio lotado na última sexta (6/12) já com jogo ganho. Afinal, tocar na íntegra o álbum mais popular da carreira pode atrair todo tipo de fã, desde a viúvos do ex-baterista Mike Portnoy, que torce o nariz para a fase atual da banda, até o cara que conheceu o som neste século. E como o grupo já tinha agradado a todos de antemão, qualquer coisa que fosse tocada no primeiro set seria bem-vinda, por isso, tome música nova! No total foram cinco do álbum “Distance Over Time“, lançado no início do ano, coisa que poucos fazem hoje em dia.

Após um vídeo no clima do novo trabalho, mas que fazia uma retrospectiva da discografia, o Dream Theater iniciou pontualmente sua apresentação com ” Untethered Angel “, primeiro single de “Distance Over Time”. Em seguida, a boa surpresa foi “A Nightmare to Remember”, do sombrio álbum “Black Clouds & Silver Linings”, que apesar de não parecer, já completou 10 anos. É nela, com seu refrão grudento e seus trechos black metal, que Jordan Rudess (teclado) deixa de ficar rodando pra lá e pra cá em seu posto e saca sua Keytar para duelar com John Petrucci (guitarra). O problema é que até aí o som ainda estava um pouco embolado, só melhorando pouco tempo depois. E é no fim desta dobradinha que James Labrie (vocal), com seu pedestal de caveira (igual a da capa do disco), conversa rapidamente com o público. Rapidinho, porque o povo quer som!

Ainda que eles tenham caprichado nas novidades, o público fiel cantava tudo, inclusive as partes instrumentais com o clássico “ôôôô”, como na viajante e cheia de teclados “Fall Into the Light” e em “Barstool Warrior”, esta com um solo incrível de guitarra. Para encerrar o primeiro ato, foi escolhida “Pale Blue Dot”, última faixa e uma das mais pesadas de “Distance…”. Porém, foi com o clássico “In the Presence of Enemies, Part I”, do “Systematic Chaos” (2007) que a cozinha (e que cozinha!) de Mike Mangini (bateria) e John Myung (baixo) mostrou a que veio. Mangini é um monstro e não tem como negar isso.

Após um intervalo de 20 minutos, a banda volta para o segundo ato, a tão esperada execução de “Metropolis Pt. II – Scenes From a Memory” (1999), popular “Scenes”, na íntegra. O álbum conceitual conta a história de Nicholas e sua vida passada, Victoria, que foi assassinada e o assombra para mostrar a verdade sobre o crime. A trama completa você pode conferir aqui.

É neste momento do show que o telão vira a cereja do bolo na apresentaçao. A história é contada como um cinema mudo e mais tarde com uma animação que inclui até homenagens a nomes como Stevie Ray Vaughan, Chris Squire, Chris Cornell, Randy Rhoads, entre outros. Diferente do DVD “Live Scenes From New York”, não há um ator interpretando o terapeuta e nem o coro gospel em “The Spirit Carries On” e “Through My Words”, mas se você acha que, além das músicas, a galera não cantou cada frase dos diálogos, está muito enganado. Foi só ouvir “Close your eyes and begin to relax…” que o Vivo Rio parecia uma igreja em horário de missa (satânica, por favor).

Em uma rápida parada neste segundo ato, James Labrie agradeceu a todos pela presença e lembrou que “Scenes” foi o primeiro álbum com Jordan Rudess nos teclados, e é claro que o músico foi mais uma vez muito aplaudido até que ele mesmo emendou com um leve improviso na introdução de “Home”. E assim voltava a porrada. Pouco depois, Rudess brilhou também na hipnotizante “The Dance of Eternity”, que faz trinca com “One Last Time” e “The Spirit Carries On”, formando assim o momento mais emocionante do show. Após uma execução perfeita com quase todas as faixas bem próximas ao original, chega “Finally Free”, a saideira do disco, na qual Mangini resolveu se empolgar e dar uma boa acelerada no final. E como era esperado, o telão se encarregou do encerramento até a famosa frase “Open your eyes, Nicholas” seguida do susto que fecha a tampa.

Como se precisasse, ainda rolou um bis com a também novata “At Wit’s End”, mais uma cantada em uníssono por fãs que ainda queriam muito mais, mesmo após as prometidas três horas de apresentação. Não é qualquer banda hoje em dia que se dá ao luxo de encerrar com música nova e fazer um set longo sem o maior hit da carreira. Provavelmente ninguém sentiu falta de “Pull Me Under” e isso é bom. Que venha uma tour comemorativa do “Six Degrees of Inner Turbulence” e outros lançamentos, já que sonhar é de graça.
1- Untethered Angel
2- A Nightmare to Remember
3- Fall Into The Light
4- Barstool Warrior
5- In the Presence of Enemies, Part I
6- Pale Blue Dot
Intervalo
7- Regression
8- Overture 1928
9- Strange Déjà Vu
10- Through My Words
11- Fatal Tragedy
12- Beyond This Life
13- Through Her Eyes
14- Home
15- The Dance of Eternity
16- One Last Time
17- The Spirit Carries On
18- Finally Free
Bis
19- At Wit’s End
Oi, tudo bem? Excelente texto. No início, a parte “desde a viúva” soa bastante ofensivo pra mulheres. Se trocasse para “desde os viúvos” que abrange os dois sexos, a leitura seria bem mais agradável. Aliás, o show foi fantástico! Obrigada.
Olá Aline, obrigado por participar! Sim, você está certa. É que muita gente já conhece o termo, mas em momento algum desejamos soar ofensivos às mulheres. Obrigado, vamos alterar!